Sempre que faço uma conferência tenho novas e,
às vezes, melhores elaborações depois que ela termina. Consequência (um tanto incomodativa) de viver desapegada de verdades absolutas e reconfortantes.
Na imensidão.
Assim há sempre repercussões
em mim após uma aula ou explanações sobre um tema.
Essa semana o assunto que se desdobrou foi adolescência.
Aqui uma parte do que pós-pensei: O desafio na adolescência é concluir a jornada e transformar-se num adulto.
Mas isso é menos um lar vitalício e mais um estado de mente. Uma condição que consiste sobretudo em considerar a realidade. Ser capaz de conhecê-la sem os tingimentos do desejo, das necessidades, das ilusões. Haver- se com ela.
Permitir-se, porém, asas criativas e singulares diante das restrições – das limitações impostas. Voar ao pulsar do coração que mora dentro.
O que significa que estaremos, por toda a vida, perdendo e reconquistando esse estado mental. Haverão momentos, se a ladeira a ser enfrentada for íngreme e nosso cansaço demasiado que mergulharemos, de olhos fechados,
nos mananciais do funcionamento adolescente. Sempre disponíveis.
A tarefa desafiadora para os pais de adolescentes também é essa. Retornar e retornar e retornar à mente adulta que já se tenha conquistado.
Persistir nesse estado para enxergar e ajudar o filho. Até que esse possa ter, ele próprio, uma constância maior no trato com a realidade.
A real(idade) é aquilo que existe , que está ali , que adensa o momento, que corre nas veias de uma situação.
A alma de um fato.