Estou lendo Memórias de Subsolo.
Uma experiência estranha.
Entre ondas de torpor em que o sono me vence sou lançada a um clarão de lucidez.
Como quem viajando num trem sente a cabeça pender à frente arrebatada num cochilo, e sem muito governo de si estala os olhos e avista pela janela uma paisagem desconhecida.
Inesperada.
À pequena janela da locomotiva envolvida numa ventania que sopra das frondes
rebeldes de verde.
Nesse mesmo instante sou tomada de assalto por uma sensação de liberdade.
De independência.
Uma injeção venosa de vigor trata do ser.
Ser.
Não obedecer.
Uma alquimia poética misteriosa tem esse livro.
Um bruxo esse Fiódor não?