noite passada o céu sonhou
havia morrido
guirlandas jasmim-da-noite perfumavam o desterro
as estrelas sem regaço
acordaram adultas
da noite pro dia
órfãs
seguiram em busca
de um novo lar
quem sabe uma hospedagem num coração acendedor de lampiões -incansável sacerdote da luz
&
da vida ? O poeta
sem a imanência da abóboda celeste
devoraram-se na terra os centauros filhos de
Íxion e Nefele
Afogaram-se em lágrimas os jatobás , os ipês , os flamboyants
banhado em suor pelo susto
do deperecimento
o firmamento acordou
aleluia , aleluia , aleluia
respirava
convocou seus anjos
que trouxessem as violas de Joao Mineiro e Marciano
brindaram os cálices
numa festa de cores
turquesa , amarelo , rosa
à chuva quente
o embriagante
Sangue de Boi
hortou às lavouras
&
os jasmim-manga
de esperança
acordado do terrível pesadelo
o céu soube
seu lugar no universo
exuberante
sem subtrações
sem concessões
nem sombra de nuvens
diligência de corcéis
existir inteiro
não menos
um alívio renascer