Especula-se , entre outras hipóteses, que Sócrates não escreveu linha alguma porque se opunha à restrição imposta ao infinito pelo próprio ato da escrita . Também me lembrei de Jean Cocteau que dizia ser inibitiva
a obrigatoriedade em escrever e afirmava : “ o papel branco ,a tinta , a pena me aterrorizam . “ E acrescentava :” Se eu consigo
vencê -los , então , a máquina se aquece , o trabalho me ocupa e o espírito segue.Mas é importante que eu interfira o menos possível , que eu esteja meio adormecido .”
Fiquei pensando se uma das razões para algumas ( nem todas diga-se de passagem ) das procrastinações do ato da escrita relaciona-se a um tipo particular de angústia – a ambiguidade e o compadecimento do escritor frente ao aprisionamento do infinito ?