Em torno dos cinco , seis anos quando alguém chinelava próximo a mim uma formiga 🐜 ou uma mosca 🦟 eu ficava aflita e corria buscar algodão e merthiolate .
O algodão porque eu imaginava que o coitado precisava de um lugar macio para descansar de seu sofrimento e o remédio que curasse o machucado.
Naquela época joelhos ralados eram tratados assim .
Tomava uma caixinha dessas de papelão em que se guardam brincos e nela deitava o infeliz em quem eu aplicava pinceladas generosas daquela poção 🧪milagrosa .
Deixava o pequeno leito sobre a mesinha ao lado da minha cama 🛌 e esperava umas horas para que ressuscitasse .
Não havia meios . A saída era devolvê-lo à mãe terra .
Apesar do fracasso eu não desanimava . O que me fazia prosseguir nessa enfermagem Tinker Bell era viver o instante da esperança.
Crer que havia no armário de casa 🏠 ao alcance das mãos , um líquido mágico 🧙♂️ capaz de fazer a formiga 🐜 voltar a sua vidinha de luta , para levar – apesar da ventania – o pedaço de folha 🍃 três vezes maior que seu tamanho por um quarteirão inteiro . Isso muito me alegrava .
As sucessivas tentativas não trouxeram os serzinhos de volta mas me fizeram conhecer algo sobre mim . Eu queria cuidar apesar . Cuidar e acreditar .
Para sempre.